Aqui estou eu contemplando o Sol se pôr, acompanhado pela poesia, pela música e pelo mar - mar calmo, tão quieto e tranquilo que me faz lembrar da cabeça política dos que nos rodeiam na rotina pálida e cinzenta.
O Sol, a grande estrela vermelha, ou melhor, laranja fogo é tão utópico, mas ao mesmo tempo se torna tão palpável por causa de sua necessidade. Entretanto, a beleza do Sol se perde nas preocupações monótonas e alienantes, se desencontra dos nossos olhares por causa de preocupações preocupantes. Mas o astro rei permanece ali, queimando em nossos corações sonhadores, apaixonados pelos milhares de sorrisos floridos de vida.
Ele se põe atrás desse mar relapso onde, esporadicamente, surgem ondas solitárias que ao chegar na areia se recolhem de volta ao monótono movimento do mar - que tem potencial para explodir uma ressaca, mas as ondas ficam de costas para o Sol e nunca param para questionar. É uma pena pois o astro rei é tão poderoso que muda a cor da imensidão do céu quando vai dormir, pincela o berço das estrelas de laranja, rosa, roxos, azul com apenas alguns movimentos no ponteiro do relógio e faz com que nós, poetas do asfalto e do barro, sorríamos ao tornamo-nos espectadores de seu mergulho.
Mas as ondas seguem confortavelmente constantes, mantendo um ritmo semelhante a qualquer hit comercial do momento. Com o passar do dia a superfície do mar vai se despedindo de pessoas superficiais, mas as ondas não se esforçam para compreender que elas vão embora porque o Sol se vai também, não lutam para entender o motivo da praia esvaziar e a deixar na escuridão apenas com o lixo das pessoas. Sem o sol o casal mar e areia sofre...mas não...não se importam, afinal está melhor do que nada, é mais fácil assim.
Com isso, o Sol vai passar a noite com aqueles que buscam tempos melhores, amores sinceros e a valorização da vida e da própria estrela . Fico triste pelo mar, afinal eu pelo menos tenho minha poesia que arde como o astro rei, já o mar não tem nada duradouro além da rotina: amanhecer esperando os primeiros banhistas, ver a praia encher de gente e lixo, presenciar seu auge ao ficar lotada de pessoas diferentes todos os dias e as ver partindo... e durante tudo isso as ondas continuam indo e voltando...umas mais longas que outras mas com o mesmo destino e decadência, fico triste pelo mar pois ele não sabe que o pouco que a praia prospera é por causa do Sol. Ele se recusa a enxergar, seu egoísmo e ambição o cegam e não deixam que perceba o poder que tem, que se convertido em direção ao Sol faria a praia viver muito mais, sorrir muito mais...
Enquanto escrevia este texto, o Sol se pôs, as praia esvaziou, o disco que ouvia acabou mas o sorriso humilde e sonhador que o Sol proporcionou - proporciona e sempre proporcionará - permanece forte em minhas faces coradas.
E agora, com o sorriso aberto, fecho meus olhos e meu caderno, imaginando todo esse mar indo em direção ao Sol... de cara pintada, com flores nos cabelos e com amor no coração, aí sim...aí todos aqueles que morreram afogados nadando contra a corrente descansariam em paz, felizes e realizados.
Gostei muito desse texto.
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