domingo, 1 de dezembro de 2013

Diz: abafar

Já vou logo avisar
Que se você vier reclamar
Dizendo que ao escrever um poema por amar
Escrevo algo politicamente pobre

Nem levarei em consideração
Pois é por falta de amor no coração
Que vivemos todos juntos nessa amarga solidão
Portanto -politicamente falando- esse poema é até nobre

Se você fala que poesia não vale a pena
Que é cegueira e ingenuidade plena
Que o amor só mascara minha fraqueza de forma amena
Eu respeitarei tudo o que diz

Porém, na minha condição de gente
Posso afirmar concretamente
Que por ter amado incondicionalmente
Me sinto muito mais feliz

Mas se tua paz é interna, pessoal e comprável
Sinto dizer-lhe que teu inferno é rentável
E tua busca pela fuga é inacabável
Pois paz não se vende

Perceba que a paz é algo que acontece
Junto com um amor enraizado que enaltece
E uma felicidade contagiante que amadurece
É isso, meu irmão, que você não entende

E não se iluda com a sua expectativa
Sua rotina é acumulativa
Diria até auto-depreciativa
Mas a dor é suave como uma rosa

Tome cuidado com essa sua vontade
Se ela não for sincera, afasta sua felicidade
Pode até te afundar na mediocridade
E sua paz se torna fantasiosa

Você tem pânico do próprio defeito
Foge da franqueza para se tornar perfeito
E, só dessa forma, viver satisfeito
Nessa covarde forma de cantar

Saiba que é aceitando a parte escura do nosso ser
Que podemos enfrentar nossos medos e florescer
E não tendo vergonha de fazer o coração aparecer
É que poderemos olhar o céu e fazer feliz até mesmo o luar

E não venha para cima de mim como um animal
Me questionar por amar a mulher e o sorriso mais do que o carnal
Pois o coração, o sangue e o olhar são meus e... ponto final
Eu hein, não te dou essas confianças

Me deixa quieto aqui no meu canto
Você nunca veio enxugar meu pranto
Nunca tentou enxergar comigo o doce encanto
Não quero ver você matar, sem saber, suas esperanças

Pois você ridiculariza minhas cores
Zomba de mim e dos meus amores
Se fortalece utilizando as minhas dores
Por não compreender minha alegria

E fica aí, afogando a tristeza na carteira
Desperdiçando uma vida inteira
Tentando sufocar sua face verdadeira
Que busca um amor para preencher sua feição vazia

Sei que é algo bem mais fácil do que ser apaixonado
Sei também que não se apegar as pessoas é bem mais recomendado
Mas prefiro ser chamado de maluco, imbecil e retardado
Por só ouvir a palavra 'amor' e já ficar extasiado

Gosto de provocar um sorriso na timidez
Adoro perder completamente a sensatez
Sinceramente, não sei como isso não atrai a vocês
Como podem morrer sem nunca sentir de fato a beleza que é ficar arrepiado

Não sentir também o coração bater bem mais forte
As palavras se misturarem e você perder o norte
É uma pena que nunca terão essa sorte
De não querer mais nada além de uma vida inteira com alguém abraçado na cama

Pois vocês querem matar o amor
Por puro medo do seu poder transformador
Mas existe uma coisa que está bem longe do alcance de qualquer opressor:
A felicidade no sorriso de quem ama.