Aqui está o meu segundo 'EP' amador.
Segue a mesma lógica do primeiro ( escute aqui o EP I ), duas músicas com as letras logo em seguida.
Ambas composições próprias
Dessa vez a gravação foi mais casual, então a qualidade está mais baixa e tem mais erros, porque foi o que deu pra fazer.
Confere aí 'Cantando sem Querer' e 'Maria'
Para ver as letras:
Cantando sem Querer
Um dia eu me encontrei
Bêbado de amor
E até então não sei
Onde é que eu estou
Cantando sem querer
Reafirmando meus valores sem dizer
Pois onde eu cheguei
Está tudo vazio
Olhares secos e opacos
Acompanhados por sorrisos frios
Não me sinto bem
Já que não me reconheço em ninguém
E me pergunto: onde está a paz?
Então eu me encontrei
Sem compreender o rancor
Confesso que eu nem mesmo tentei
Já que ele nunca me interessou
Mas a vida nas cidades sinuosas
Se torna viciante tenebrosa
E o que me interessa é o sabor
E o calor daqueles lábios doces
Por que ir de encontro ao temor
Se eu meu vigor morreria se eu fosse
Fiquei sozinho ao fugir da solidão
Buscando um sangue que alimente o coração
E me pergunto: onde está o fim?
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Maria
Maria nasceu na Bahia
No interior onde vivia
Na cidade em que cresceu
Quando criança vendia artesanato
Mas o seu suor ingrato
Quase nada lhe rendeu
Com o pouco que ela vivia
Apenas se divertia
Se pudesse desenhar
Pois a arte era sua melhor amiga
Confidente querida
Que a ajudava a sonhar
Maria
A fome, a sede e o fardo
Da rotina no cerrado
Faziam-na chorar
Mas o colorido imaginário
Da sua colcha de retalhos
A fazia acreditar
Sonhava em vir para o Sudeste
Indo embora do agreste
Pois ninguém olha pra lá
O Nordeste é o mais rico do Brasil
Mas nem a puta que o pariu
Parece se preocupar
Foi estuprada pela própria pátria amada
Não tinha flor, não tinha nada
Que pudesse a inspirar
E então ao dezessete anos
Agilizou os seus planos
Para poder se mudar
Juntou dinheiro vendendo xilogravura
Prostituiu sua arte pura
Para economizar
E assim chegou ao Rio de Janeiro
Junto com um caminhoneiro
Que se propôs a ajudar
Maria
Mas já aqui na Guanabara
Tudo o que ela sonhara
Demorou para chegar
Trabalhava como empregada
Na casa de uma aposentada
E estava morando lá
Sofria bastante preconceito
Mas a falta de respeito
A fazia continuar
Pois ela tinha fé na sua arte
E a tristeza era parte
Que a ajudava a criar
A noite logo após sua rotina
Ela confrontava a sina
Mergulhando em seu caderno
Mesmo quando não tinha mais energia
Ela estudava todo dia
Para entender seu inferno
Se empenhava na busca pelo seu sonho
De que seu olhar tristonho
Um dia ia se alegrar
Foram anos só com esse pensamento
O de fugir do sofrimento
E, enfim, se libertar
Conseguiu entrar pra faculdade
Na Escola de Belas Artes
E começou a prosperar
Arrumou emprego numa revista
Conheceu uma violinista
E começou a namorar
Estava amando e se sentindo amada
E o trabalho de empregada
Ela pôde largar
Morava com a sua namorada
E até o fim da sua estrada
Ela iria lhe acompanhar
Finalmente começou a trabalhar
No que a fazia acordar
Com um lindo sorriso no rosto
Mas faltava o objetivo da sua vida
Ser uma artista reconhecida
Esse sim era o seu posto
Queria mostrar para todo mundo
O cotidiano imundo
Que a tornou perseverante
E um dia saciou seu apetite
Ao receber um convite
Que já fora tão distante
Maria
Maria estava exaustão
Pois, teria uma exposição
Numa grande galeria
Se emocionava toda vez que se lembrava
Da época em que sonhava
No interior da Bahia
E agora que se realizou
Com a mulher que sempre amou
Ela cantava e sorria
Que pensava no Nordeste com firmeza
E tinha toda certeza
De que um dia voltaria
Salve o colorido do agreste
E as cores do Nordeste
Que fizeram-na criar
Salve o forró e o repente
O baião e esta gente
Que um Brasil quer apagar
Salve o forró arrasta-pé
De São João e São José
Não se deixem martirizar
Salve o bando de Lampião
A sanfona de Gonzagão
E toda flor que nascer por lá
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