sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

EP II

Aqui está o meu segundo 'EP' amador.
Segue a mesma lógica do primeiro ( escute aqui o EP I ), duas músicas com as letras logo em seguida.

Ambas composições próprias

Dessa vez a gravação foi mais casual, então a qualidade está mais baixa e tem mais erros, porque foi o que deu pra fazer.

Confere aí 'Cantando sem Querer' e 'Maria'
 

Para ver as letras:



Cantando sem Querer

Um dia eu me encontrei
Bêbado de amor
E até então não sei
Onde é que eu estou

Cantando sem querer
Reafirmando meus valores sem dizer

Pois onde eu cheguei
Está tudo vazio
Olhares secos e opacos
Acompanhados por sorrisos frios

Não me sinto bem
Já que não me reconheço em ninguém

E me pergunto: onde está a paz?

Então eu me encontrei
Sem compreender o rancor
Confesso que eu nem mesmo tentei
Já que ele nunca me interessou

Mas a vida nas cidades sinuosas
Se torna viciante tenebrosa

E o que me interessa é o sabor
E o calor daqueles lábios doces
Por que ir de encontro ao temor
Se eu meu vigor morreria se eu fosse

Fiquei sozinho ao fugir da solidão
Buscando um sangue que alimente o coração

E me pergunto: onde está o fim?
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Maria

Maria nasceu na Bahia
No interior onde vivia
Na cidade em que cresceu
Quando criança vendia artesanato
Mas o seu suor ingrato
Quase nada lhe rendeu
Com o pouco que ela vivia
Apenas se divertia
Se pudesse desenhar
Pois a arte era sua melhor amiga
Confidente querida
Que a ajudava a sonhar

Maria

A fome, a sede e o fardo
Da rotina no cerrado
Faziam-na chorar
Mas o colorido imaginário
Da sua colcha de retalhos
A fazia acreditar
Sonhava em vir para o Sudeste
Indo embora do agreste
Pois ninguém olha pra lá
O Nordeste é o mais rico do Brasil
Mas nem a puta que o pariu
Parece se preocupar

Foi estuprada pela própria pátria amada
Não tinha flor, não tinha nada
Que pudesse a inspirar
E então ao dezessete anos
Agilizou os seus planos
Para poder se mudar
Juntou dinheiro vendendo xilogravura
Prostituiu sua arte pura
Para economizar
E assim chegou ao Rio de Janeiro
Junto com um caminhoneiro
Que se propôs a ajudar

Maria

     Mas já aqui na Guanabara
     Tudo o que ela sonhara
     Demorou para chegar
     Trabalhava como empregada
     Na casa de uma aposentada
     E estava morando lá
     Sofria bastante preconceito
     Mas a falta de respeito
     A fazia continuar
     Pois ela tinha fé na sua arte
     E a tristeza era parte
     Que a ajudava a criar
     A noite logo após sua rotina
     Ela confrontava a sina
     Mergulhando em seu caderno
     Mesmo quando não tinha mais energia
     Ela estudava todo dia
     Para entender seu inferno
     Se empenhava na busca pelo seu sonho
     De que seu olhar tristonho
     Um dia ia se alegrar
     Foram anos só com esse pensamento
     O de fugir do sofrimento
     E, enfim, se libertar

Conseguiu entrar pra faculdade
Na Escola de Belas Artes
E começou a prosperar
Arrumou emprego numa revista
Conheceu uma violinista
E começou a namorar
Estava amando e se sentindo amada
E o trabalho de empregada
Ela pôde largar
Morava com a sua namorada
E até o fim da sua estrada
Ela iria lhe acompanhar

Finalmente começou a trabalhar
No que a fazia acordar
Com um lindo sorriso no rosto
Mas faltava o objetivo da sua vida
Ser uma artista reconhecida
Esse sim era o seu posto
Queria mostrar para todo mundo
O cotidiano imundo
Que a tornou perseverante
E um dia saciou seu apetite
Ao receber um convite
Que já fora tão distante

Maria

Maria estava exaustão
Pois, teria uma exposição
Numa grande galeria
Se emocionava toda vez que se lembrava
Da época em que sonhava
No interior da Bahia
E agora que se realizou
Com a mulher que sempre amou
Ela cantava e sorria
Que pensava no Nordeste com firmeza
E tinha toda certeza
De que um dia voltaria

Salve o colorido do agreste
E as cores do Nordeste
Que fizeram-na criar
Salve o forró e o repente
O baião e esta gente
Que um Brasil quer apagar
Salve o forró arrasta-pé
De São João e São José
Não se deixem martirizar
Salve o bando de Lampião
A sanfona de Gonzagão
E toda flor que nascer por lá

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