segunda-feira, 2 de novembro de 2015

EP VI

Aqui está o meu sexto EP, para ouvir esse e os outros é só entrar no abrir o meu soundcloud mesmo ou ouvir aqui nesse reprodutor que tem aqui do lado no blog mesmo. As letras das músicas estão no final dessa publicação.






Para ver as letras

terça-feira, 1 de setembro de 2015

O boto


Se no céu a lua está cheia
E na terra o samba não para
É aí que com um chapéu branco
Ele sai da Baía de Guanabara

De roda em roda ele vai sambando
Direto pro coração da mulher
Ninguém o conhece ou sabe seu nome
E é exatamente isso o que ele quer

Para uma ele é flamenguista
Já pra outra ele é tricolor
Mas, o que importa, de verdade, é a conquista
De uma noite tão ardente de amor


Ele aparece, te aquece e se vai
Mas, mesmo assim, não tem ninguém que reclama
Porque mostra como é passar um tempo
Com alguém que, platonicamente, te ama

Deixa sempre uma coisa muito clara
De uma forma bastante carinhosa
Que elas só dividem o seu coração
Com aquela que também é verde, além de rosa

Se acaba num forró arrasta-pé
Na batida do funk e na cerveja
Mas, ele nunca perde o foco
Do doce coração que ele deseja

Ele só vem para alegrar a noite
Daquelas que estão com a vida complicada
Seja sua casa ou até o seu trabalho
Ele a faz esquecer por uma madrugada

Só assim ele pode relaxar
Fugir para um lugar cheio de vida
Pois, as pessoas parecem não perceber
O quanto a nossa baía está poluída

E ele já não quer engravidar
Se prevenir agora é algo normal
Mas, para manter viva a tradição
Ele faz filho só quando é carnaval


Toma conta de mulheres alteradas
E não deixa que se afoguem em suas mágoas
Ele lava essas almas com a boca
Dando um banho de amor em suas águas

Quando amanhece ele já não está lá
Foi embora levando os seus toques gentis
Ajudando sua amada a perceber
Que só precisa de si mesma para ser feliz

Quem nunca teve uma paixão de uma noite
Precisa dessa experiência maravilhosa
E eu diria que nesse mundo de hoje
Vez ou outra a gente é boto cor-de-rosa


segunda-feira, 31 de agosto de 2015

O Saci












Hoje ele mora nas ruas
Porque assim ele mora em qualquer lugar
Seja na favela ou no bairro nobre
Ele só vai atrás é da luz do luar

Continua moleque, continua safado
Ele só quer zoar, só quer curtir
Por isso, o chamam sempre de 'endiabrado'
Mas ele não esquece do que está fazendo aqui

Continua com umas velhas manias
Por exemplo: não resiste a um belo alazão
Amarra as crinas dos cavalos lá do Jóquei
Sabe como é?! Só pra manter a tradição


É ele que esconde as suas chaves
E gasta o plano de dados do seu celular
Também embola o teu fone de ouvido
Porque até ele precisou se atualizar

Adora amarrar as botas dos pm's
Que estão na madrugada de plantão
Protegendo outros pretinhos favelados
Que, como ele, nunca têm razão

Esconde os cassetetes da polícia
Quando sabe que quem vai apanhar não merece
Pois é, o cara é sagaz, fica esperto
Presta atenção, só respeita e obedece


Não é muito chegado ao mar
Ele só enterra a sandália dos banhistas
Principalmente, se jogam lixo na areia
Porque mantém firme sua essência ambientalista

Com a clássica gargalhada pelas ruas
Ele anda fazendo o vento cantar
Preto como a noite que o protege
Só assusta quem tem que se assustar

Ele guarda consigo um cachimbo
Que pegou do dono de uma empreiteira
Cuida com todo orgulho do mundo
Pois, no lugar ele deixou uma mamadeira


O chapéu deixa o seu corpo fechado
E como Besouro escapa de qualquer lugar
Seja do beco, do boteco ou emboscada
Se ele quiser fugir, não vai dar para pegar

E não precisa jogar nenhuma peneira
Nem prendê-lo em uma garrafa vazia
É só oferecer um cigarro e um copinho cheio
Que ele aparece de boa no fim do dia

E esse moleque de boné todo vermelho
Me mostrou uma coisa que eu nunca percebi
Todo mundo já se olhou no espelho
E viu, nada menos, do que o sorriso de um saci