terça-feira, 9 de dezembro de 2014

Sou riso

Eu estava exausto e farto
De conviver com certos padrões
Fugi sozinho pro meu quarto
Para tentar relaxar sem preocupações

Percebi que ali eu não era feio
Não era estranho ou esquisito
Foi então que uma luz me veio
Por que a gente tem que ser bonito?

Se sozinho ali no chão gelado
Eu não era nada além de mim
Por que quando estou acompanhado
Não pode ser simples assim?

Meu rosto não é feioso
Se meu sorriso brilha sinceridade
Meu corpo não é horroroso
Pois ele exala felicidade

Meu cabelo não é ruim, duro ou descuidado
Ele é livre como o meu coração
Você é quem está preso e amarrado
No fantasma da padronização

Eu nasci, eu sou, eu posso
Esse padrões é que foram construídos
O amor não é deles, é nosso
E é com amor que eles serão destruídos

Minha pele, minhas roupas e barriga
Carregam muito mais do que pensas
E o seu preconceito, ao tentar arrumar briga
Já mostra fragilidade só por causa de certas diferenças

Se aqui dentro do quarto agora
Estou livremente sorrindo
Eu quero é que lá do lado de fora
Meu sorriso continue se exibindo

A gente não pode ser refém
Do que, por interesse, nos é imposto
Temos que lutar pelo nosso bem
Que é poder ser nós mesmos e com gosto

Ninguém precisa estar com o corpo depilado
Ou com o cabelo liso
Ninguém precisa estar com o corpo sarado
Se não é isso que traz o seu sorriso

Sejamos o que quisermos
E ninguém tem a ver com isso
Não importa o que fizermos
Ninguém, repito, tem a ver com isso

Não quero me libertar
Eu já nasci livre e sempre serei
Eu quero é desconstruir e revolucionar
Sendo o que sou e, assim, em paz eu ficarei

E no quarto eu vi que não estava dentro de lugar algum
Mas, sim, fora de todos os lugares perdidos no breu
Pois não vai ser padrão nenhum
Que vai me fazer deixar de ser, puramente, eu

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