domingo, 14 de julho de 2013

Cor, ação

Pode me chamar
de lerdo, de pobre e até de otário

Pode rir
do meu cabelo desgrenhado e, talvez, libertário

Pode gritar
que sou vagabundo, um falso revolucionário

Pode caçoar
das minhas cartas, mesmo sem saber o que é 'destinatário'

Pode até se vangloriar
por estar aí de 'patrão', enquanto eu não quero nem ser 'estagiário'

Porque só me importa o coração, e ele é um músculo involuntário

Pode escarnecer
minha voz mesmo sem conhecer meu vocabulário

Pode zombar
das minhas roupas apenas porque não comprei o seu armário

Pode me xingar
de feio, chato e bobo depois de ter procurado essas palavras no dicionário

Pode ignorar
minha arte e me enxergar como um babaca solitário

Pode banalizar
meus mergulhos profundos, enquanto fica na superfície de um simples aquário

Pode gargalhar
do meu andar só porque sigo o caminho contrário

Pode me humilhar
por não compreender e nem me interessar pelo valor monetário

Pode me ridicularizar
por não encher meu copo, nem mesmo com uma tempestade, já que meu copo é solidário

Pode rir
das flores que colhi para decorar humildemente o meu calvário

Pode cantar
glórias que não merecem espaço em um belo relicário

Porque só o que me importa são as histórias de amor de que o meu coração ainda será voluntário

4 comentários:

  1. Porra! Mt foda esse, jão

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  2. porra moleque, adorei!! tá cada vez melhor

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  3. Vou te dizer... Vale muito a pena esquecer a guarda-chuva por aí. Obrigado por ter se permito molhar e molhado a todos que lerão esse post.

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