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terça-feira, 1 de setembro de 2015
O boto
E na terra o samba não para
É aí que com um chapéu branco
Ele sai da Baía de Guanabara
De roda em roda ele vai sambando
Direto pro coração da mulher
Ninguém o conhece ou sabe seu nome
E é exatamente isso o que ele quer
Para uma ele é flamenguista
Já pra outra ele é tricolor
Mas, o que importa, de verdade, é a conquista
De uma noite tão ardente de amor
Mas, mesmo assim, não tem ninguém que reclama
Porque mostra como é passar um tempo
Com alguém que, platonicamente, te ama
Deixa sempre uma coisa muito clara
De uma forma bastante carinhosa
Que elas só dividem o seu coração
Com aquela que também é verde, além de rosa
Se acaba num forró arrasta-pé
Na batida do funk e na cerveja
Mas, ele nunca perde o foco
Do doce coração que ele deseja
Ele só vem para alegrar a noite
Daquelas que estão com a vida complicadaSeja sua casa ou até o seu trabalho
Ele a faz esquecer por uma madrugada
Só assim ele pode relaxar
Fugir para um lugar cheio de vida
Pois, as pessoas parecem não perceber
O quanto a nossa baía está poluída
E ele já não quer engravidar
Se prevenir agora é algo normal
Mas, para manter viva a tradição
Ele faz filho só quando é carnaval
E não deixa que se afoguem em suas mágoas
Ele lava essas almas com a boca
Dando um banho de amor em suas águas
Quando amanhece ele já não está lá
Foi embora levando os seus toques gentis
Ajudando sua amada a perceber
Que só precisa de si mesma para ser feliz
Quem nunca teve uma paixão de uma noite
Precisa dessa experiência maravilhosa
E eu diria que nesse mundo de hoje
Vez ou outra a gente é boto cor-de-rosa
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