sábado, 9 de agosto de 2014

Carne de caju

A lua ilumina a poeira
Já o samba e o forró
O coração
Naqueles lábios uma alegria verdadeira
Que cativa cada corpo no salão

Os cabelos vão para lá e vem para cá
Os pés dela, do terreiro
À São João
E se Alceu a chama de onça pintada
Foi porque ela mordeu nossa atenção

Eu já sou bem menos do que um cão vagabundo
Sou só dois olhos
A observar a situação
Aquele corpo num belo transe profundo
E minha poesia compartilha a sensação

O rebolado tão forte
Quanto as ondas do mar
Transcreve seu ritmo em pulsação
E junto de um sorriso quente como o sol
Faz daquela noite fresca uma calorosa tarde de verão

E nos raros momentos de silêncio
Ela olha o céu
E toda a sua imensidão
Como se conversasse com cada uma das estrelas
Pedindo o som das sete cordas de um violão

Mas, me distancio cada vez mais
Daquele cheiro
Que é doce e refinado como um bolo Souza Leão
E, finalmente, tomo meu caminho pelo chão de giz
Com meus passos seguindo a cadência de um samba-canção

E calmamente pelas ruas que andei
Fui saciando
A paz que havia sido recheada de baião
E a luz da lua agora foi iluminando
O meu puro sentimento de satisfação

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